Mês: <span>fevereiro 2023</span>

  • Carta Mensal – Fevereiro 2023

    “As quatro palavras mais caras do idioma inglês: This time is different”

    Sir John Templeton

     

    O primeiro mês do ano foi particularmente favorável para os mercados acionários tanto domésticos quanto internacionais. Uma soma de fatores levou a esta valorização, a saber: expectativa mais dovish (amena) de aumento das taxas de juros americana devido a dados indicando uma desaceleração da inflação, projeções mais favoráveis de crescimento da China para 2023 e revisão de uma recessão muito aguda na Europa devido à crise de energia que não se confirmou como os mais pessimistas previam. Desta maneira, o Ibovespa valorizou 3,37% (7,75% em dólar), S&P 500 6,18%, Nasdaq (bolsa de tecnologia) 10,62%, Europa 8,27% e China 12,88%. Esta melhora também foi sentida nos títulos de renda fixa internacionais de uma maneira geral que obtiveram uma boa apreciação no começo deste ano. Por outro lado, os ativos de risco em renda fixa, isto é, que não são indexados em CDI, no Brasil não foram tão favoráveis no mês. O índice dos ativos pré-fixados IRF-M valorizou 0,84% contra 1,12% do CDI e os ativos indexados em inflação, IMA-B, ficaram no zero a zero. No entanto, houve uma diferença significativa entre os ativos indexados à inflação de prazos mais curtos que foram positivos, IMA-B 5 retornou 1,40% enquanto o IMA-B 5+, que representam os ativos indexados em IPCA de prazos mais longos, teve uma queda de -1,26%. Isto ocorre devido às incertezas da ação do novo governo com relação ao novo arcabouço fiscal, que até agora fala-se bastante, mas ainda não foi apresentada proposta alguma.

    Os primeiros dias do mês de fevereiro foram importantes, pois houve as definições sobre os juros tanto do mercado local quanto internacional. Como já amplamente esperado, os aumentos nos mercados internacionais foram 0,25% nos Estados Unidos e 0,50% Europa e Inglaterra. Apesar de não ter tido surpresas com relação aos números em si, os detalhes das declarações das autoridades monetárias foram bastante importantes. Lá fora, há o sentimento que o FED irá ainda promover elevação das taxas na próxima reunião do FOMC, mas os agentes econômicos já observam uma possibilidade de arrefecimento da inflação e, portanto, anteciparam a possibilidade de corte já no final do ano, mesmo que isso não esteja no discurso de Jerome Powell. Por outro lado, O Banco Central do Brasil quis passar uma mensagem clara de sua independência e declarou que a redução da taxa de juros somente acontecerá com uma visão mais clara das diretrizes do novo governo com relação à questão fiscal e a estabilidade da relação da dívida/PIB que, mais do que um número em si o importante é reverter a tendência de crescimento com políticas críveis e transparentes. Após o comunicado do Copom, várias instituições financeiras começaram a revisar suas projeções de taxa de juros para o final do ano.

    Por fim, o tom mais “duro” do Copom e aumentando o diferencial de taxa de juros entre os mercados internacionais e o alto patamar da taxa no Brasil tem fortalecido o Real frente ao Dólar que voltou a ser negociado próximo a 5,00. Apesar da preocupação com a situação fiscal, investidores estrangeiros buscam oportunidades no país.

    Primeiro de fevereiro foi importante também do lado político com a posse dos parlamentares e a eleição dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. Apesar de ter sido confirmada a expectativa da reeleição dos presidentes de ambas as casas, as votações foram particularmente diferentes entre si.

    Enquanto Lira foi eleito com ampla margem, 464 votos, no senado o cenário foi diferente. “A votação, mais apertada do que o contabilizado pelo grupo do senador inicialmente, é resultado de um movimento de parte do Senado para tentar mostrar ao governo que, embora com maioria consolidada, não deve ter vida fácil na Casa”.

    A reeleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco abre caminho para as propostas do ministro da fazenda, mas não garante a votação rápida e sem uma negociação mais profunda. É de se esperar que o ministro da fazenda e a ministra do Planejamento saibam que as políticas sociais devem ser respaldadas pela política fiscal e deram declarações nesse sentido, mas eles têm que convencer também muita gente do próprio governo que relutam em aceitar.

    O primeiro mês de 2023 foi também bastante conturbado com o fato relevante de Americanas, expondo um “rombo” bilionário na contabilidade da empresa, cujo desfecho da batalha entre credores e a empresa ainda deverá ser longo. Conforme análise de especialistas em crédito “o impacto de uma recuperação judicial em uma varejista é grande pois os fornecedores não dão mais prazo e diversos clientes deixam de comprar”, portanto, uma injeção rápida de capital é importante para financiar o capital de giro da empresa. Por ser um nome conhecido e elevado rating, diversos fundos de crédito possuíam o ativo em suas carteiras, mas com exposições diluídas o que permite que os impactos possam ser absorvidos em prazos mais longos.

    Por fim, apesar dos prêmios apresentados nos mercados de risco, tanto acionário quanto nos ativos de renda fixa de prazos mais longos, estarem em patamares atrativos, somente serão integralmente absorvidos com a efetiva proposta de equilíbrio das contas públicas, que proporcionará a queda da taxa de juros e retomada econômica.

  • Mesa redonda com MFO: O valor da independência e da transparência

    A CEO da Taler, Mari Emmanouilides, é uma das convidadas da mesa redonda promovida pela Citywire Brasil que discutiu oportunidades e desafios que envolvem os Multi Family Offices.

    De fato, o que é preciso para ser um Family Office e quais os valores que precisam estar presentes?

    Assista ao episódio completo para se inteirar sobre o assunto: https://citywire.com/br/news/mesa-redonda-com-mfo-o-valor-da-independ%C3%AAncia-e-da-transpar%C3%AAncia/a2408279

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