Galapagos Taler – Carta Mensal Outubro 2023
Caro cliente,
Hoje damos mais um passo muito importante na nossa história.
A Galapagos Capital, companhia de investimentos full service, celebra a criação da Galapagos Taler, unidade voltada para multi-family offices (MFO) com uma plataforma única, aberta e independente.
A área surge após uma associação com a Taler e com sócios da Mandatto, ambos multi-family offices especializados em gestão de patrimônio, gestão de portfólios para mercado doméstico e internacional, planejamento patrimonial e governança familiar.
Fundada, em 2005, por Mari Emanouilides, Paulo Colaferro e Richard Zillioto, a Taler atende 142 famílias em vários estados e possui escritórios em São Paulo e Belo Horizonte.
Os atuais clientes passam a contar com novas soluções como investment banking, estruturação de dívida e asset management, tudo dentro do mesmo grupo.
Os sócios da Taler permanecem na casa e passam a ser sócios da Galapagos Capital, conforme o princípio de partnership da companhia. Os mesmos valores – dedicação, imparcialidade e visão integrada – estarão presentes nessa nova fase.
A Galapagos Capital terá também o reforço de um time vindo da Mandatto Family Office, que foi fundada em 2018, no Rio de Janeiro. Três dos cinco sócios-fundadores, Flavio Stanger, Erika Constantino e Roberto Martins, ingressarão na sociedade e contribuirão com sua experiência para fortalecer a nova unidade de MFO. O foco é manter o alinhamento total de interesses com os clientes e atendimento personalizado que sempre foram os pilares da gestora. Essa parceria é resultado de uma cisão empresarial da Mandatto, que trouxe para a Galapagos um grupo de sócios e colaboradores e resultará em mudança na marca.
A nova unidade expande ainda mais o ecossistema da Galapagos Capital, consolidando-a como uma plataforma full service de investimentos e mais de 20 bilhões em ativos sob gestão, cerca de 340 funcionários, mais de 50 000 clientes e nove escritórios — sendo oito no Brasil e um em Miami.
Agradecemos a confiança depositada pelos nossos clientes até aqui e seguimos juntos para alcançar objetivos ainda maiores.
Atenciosamente,
Quando se fala em finanças corporativas, apostar no método informal de acerto e erro para equilibrar as finanças pode levar o seu negócio à ruína. Isso porque, em termos de governança corporativa, alinhar processos é importantíssimo para a sobrevivência organizacional. E, nesse sentido, planejamento e gestão de riscos é fundamental. Neste episódio do podcast #MaisConsciente, em que participei a convite do Instituto Capitalismo Consciente Brasil, você vai entender a importância de buscar conhecimento e, até mesmo, assessoria especializada para reduzir os riscos do seu negócio.
Escute no link: http://podcast.ccbrasil.cc/
“E agora José?”
Carlos Drummond de Andrade.
No último dia do mês de outubro, já com o conhecimento do resultado das eleições, o mercado acionário abriu com o pré-mercado de Nova York em queda de 5% e logo depois, na abertura da B3, o Ibovespa apresentava um declínio de 3%. No entanto, ao longo do dia, este quadro se reverteu e entre altas e baixas o Ibovespa fechou com valorização 1,31%. Por outro lado, as ações de estatais como Petrobrás e Banco do Brasil tiveram forte realizações, com desvalorização de 8,5% e 4,5% no dia respectivamente, apesar de apresentarem valuations, avaliação dos ativos em relação ao preço justo, bem mais atrativos que os seus congêneres. Isto ocorre, pois os investidores, principalmente os estrangeiros, estão aguardando maiores definições sobre a política econômica do próximo governo, assim como, ajustando os portfolios a possíveis cenários de maiores intervenções nas estatais. Desta maneira, o Ibovespa fechou o mês com alta de 5,45%, o dólar Ptax -2,77% e o CDI seguindo sua toada de 1,02% ao mês.
Normalmente começamos com o cenário externo, no entanto, desta vez revertemos a ordem e focamos primeiramente no cenário local devido à importância dos eventos durante o mês. Ledo engano, aqueles que acharam que após a eleição teríamos uma definição mais clara sobre o cenário econômico nacional. Após a vitória bastante apertada de Lula para presidência da República, encontramos um país dividido, mas que se mostrou também democrático e civilizado, apesar das discussões agressivas nas redes sociais. Neste contexto, os meios de comunicação muitas vezes pareciam colocar mais lenha na fogueira do que apaziguar as relações, apesar de defenderem, no final do dia, o estado democrático de direito.
Agora os próximos passos do novo governo precisam ser endereçados e com agilidade para que possamos ter uma melhor clareza das políticas econômicas e sobretudo o quão responsável será o tratamento do dinheiro do contribuinte. Dito isto, os investidores aguardam as definições do time do novo governo tanto em relação aos principais ministérios como também das autarquias como BNDES e das Estatais. Não menos importante, será a definição do modelo de ancoragem das contas públicas seja para financiar os projetos sociais, seja para dar transparência e credibilidade dos demais gastos e investimentos, pois o governo terá um grande desafio em manter a dívida em patamar sustentável.
A independência do Banco Central, neste momento, mostrou toda sua importância. O simples fato de não estar em discussão ou não haver a incerteza de quem será o presidente do banco neste momento é um grande avanço para manutenção da estabilidade da política monetária.
Após o impeachment de Dilma e início do governo Temer, mesmo que aos trancos e barrancos, tivemos importantes evoluções como a reforma trabalhista e a reforma previdenciária, além de marcos importantes nas regras de infraestrutura e concessões, melhora significativa de governança e gestão das empresas estatais, que nitidamente foram refletidas em seus resultados operacionais e financeiros.
Destaque também pela virada de gestão e melhora da atuação do BNDES, com o foco nos “heróis nacionais” e não subsídios e direcionamento equivocados dos recursos que tanto contribuíram no passado para o aumento do déficit público.
Estas evoluções, não somente não deveriam ser revertidas, como deveriam ser sim continuadas. Seria ingênuo acreditar em uma reforma administrativa neste atual cenário e com o novo governo, não obstante, deveria ser perseguido já no ano que vem uma reforma tributária que possa trazer mais eficiência para as empresas e por consequência geração de emprego, afinal a nossa carga tributária é comparável em proporções ao PIB de países escandinavos, mas sabidamente não temos a contrapartida em termos de serviços públicos.
No âmbito internacional, outubro normalmente famoso por quedas historicamente horríveis no mercado de ações, como as de 1929, 1987 e 2008, contrariando a tendência histórica, apresentaram uma trégua no mês de um ano ainda bastante ruim. A bolsa americana registrou alta de quase 8%, mas ainda acumula um retorno negativo de 18,76% no ano e o MSCI Global (índice global de ações) apresentou uma evolução de 5,96% no mês, reduzindo a queda para 22,32% no ano. Outubro também é período de divulgação de balanços das empresas americanas, que começaram com o reporte de resultados positivos das instituições financeiras, enquanto no final do mês foram apresentados os resultados das Big Techs, em geral decepcionantes, com exceções de empresas como Netflix.
A inflação continua como tema de maior preocupação dos economistas. A ação do FED em calibrar o aumento da taxa de juros está ligada ao mercado trabalho dos EUAs, que está ainda aquecido, e a renda em patamar elevado para que a inflação possa voltar ao nível pré-pandemia, necessitando doses extras de aumento dos juros e a permanência da taxa elevada para os padrões históricos recentes.
Após pronunciamento, mesmo que breve, do Presidente da República, mas deixando claro que atuará dentro das quatro linhas da constituição, com o passar dos dias e a aproximação da Copa do mundo de 2022 em 20 de novembro (paixão brasileira pelo tema), provavelmente as atenções estarão mais voltadas para o desempenho da seleção brasileira do que o resultado das urnas.
Não obstante, ao intervalo da copa do mundo, a lua de mel do novo governo será bastante curta. Como muito bem analisado pelo jornalista Willian Waack: “A pequena diferença com que Lula venceu diz muito sobre o tamanho com que o eleitorado de centro-direita sai destas eleições, considerando as majoritárias e as proporcionais… Lula vai enfrentar um Congresso com poderes que não existiam há 20 anos. Minas, Rio e São Paulo terão governadores que se opuseram a ele. O principal problema será provar que existe só mesmo um Brasil.” Sem tempo para uma lua de mel com sua recém esposa.
VOCÊ MARCHA, JOSÉ!
JOSÉ PARA ONDE?
“A riqueza tem as suas vantagens, já a pobreza, embora tenha feito algumas tentativas nesse sentido, nunca provou ser vantajosa.”
John Kenneth Galbraith.
O terceiro trimestre do ano finalizou com os mercados internacionais sentindo o peso da decisão da última reunião do FED, além da sinalização de que o Banco Central do principal mercado do mundo realmente fará valer a sua mensagem principal: “To do Whatever it takes to control inflation” isto é, que fará os ajustes necessários, principalmente, de elevação na taxa de juros para conter a inflação, que atualmente está no patamar de 8,3% e que para trazer ao nível de equilíbrio de 2% terá que ter uma atuação mais assertiva. O custo mais evidente dessa política será uma recessão nos Estados Unidos, no entanto, a grande questão será qual a intensidade e em quanto tempo a taxa de juros deverá permanecer em um patamar elevado para atingir a meta de inflação.
O livro de John Kenneth Galbraith, “A Era da Incerteza”, escrito no final da década de 70, que posteriormente popularizou-se com um documentário na rede BBC, nos parece bastante atual. O período no qual o livro foi escrito englobou também a crise de baixo crescimento econômico com o aumento dos preços – estagflação e conflitos geopolíticos. O livro aborda a evolução da economia desde os primórdios, a partir de Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo e propõe a ideia de que as incertezas na economia estão diretamente ligadas à inconstância do comportamento humano com relação aos fatos econômicos ocorridos. Curioso observar que quando iniciou a guerra entre a Rússia e Ucrânia, temia-se que o presidente Putin fortalecido poderia avançar o conflito para outros territórios e escalar a ameaça bélica. Agora, observamos justamente o oposto, isto é, o Kremlin enfraquecido devido aos enormes percalços durante os combates com o exército ucraniano faz com que o temor agora seja um Putin enfraquecido, que poderia recorrer a arsenais nucleares táticos para tentar reverter sua “vergonhosa” derrota. Guerra esta, que trouxe consequências inimagináveis quando se pensava que os gasodutos russos seriam uma solução adequada para abastecimento da necessidade energética de boa parte da Europa. Desde a guerra comercial de Trump, o risco geopolítico tem se mostrado mais importante do que na última década para questões estratégicas como fornecimento de energia, cadeia de suprimentos, e, por que não, investimentos.
Os mercados acionários dos países desenvolvidos e globais tiveram grandes realizações no mês de setembro, com a bolsa americana registrando queda de 9,35% e acumulando quase 25% negativo no ano e o MSCI Global (índice global de ações) com redução de 9,74% no mês e baixa de 26,69% no ano. Isso nos mostra que o ajuste já foi relativamente elevado. Historicamente, trata-se de uma correção significativa, mas bastante plausível se levarmos em consideração o tamanho do ciclo de alta que se iniciou em meados de 2009 e durou até 2021 conforme podemos observar nos gráficos abaixo. Para o investidor internacional, de uma maneira geral, essa crise tem se mostrado particularmente dolorosa, pois diferente do movimento tradicional das grandes quedas dos mercados acionários, onde há uma compensação de valorização com ativos de renda fixa, neste momento a correlação tem se mostrado próxima a 1, o que representa que os ativos caem e sobem juntos sem o efeito positivo do ganho com a diversificação.
Não obstante, enquanto elaboramos esta carta mensal, nos dois primeiros dias do mês de outubro, os índices tiveram uma recuperação de mais de 5%, mostrando, assim, o quão errático está o comportamento dos investidores no atual momento.
É muito difícil dizer se este ajuste já atingiu 50%, 70% ou 100% do movimento total, mas parece razoável dizer que os preços ativos e as taxas dos bonds recompuseram boa parte dos prêmios. De qualquer forma, eventos como decisões bélicas radicais por parte do Kremlin são difíceis de serem inseridas em qualquer modelo de probabilidades baseados em dados históricos.
A China continua tendo desempenho econômico abaixo do esperado, seja pelas iniciativas de covid zero e lockdowns, como pelo mercado imobiliário emperrado e políticas econômicas bastante intervencionistas em diversos setores tidos com estratégicos. Em contrapartida, a Índia tem liderado o crescimento econômico, com expectativa de elevação do PIB próxima a 5%. As transformações da economia da Índia têm qualidades importantes, que lembram a América do século XIX. Um vasto mercado nacional está sendo criado, permitindo que as empresas cresçam a partir de economias de escala. A migração interna está deslocando dezenas de milhões de pessoas pobres, uma nova classe de consumidores está se proliferando e fortes empresas estão se consolidando com base em novas tecnologias.
No Brasil, apesar da dominância do tema da eleição e por mais polarizadas que possam estar as discussões políticas e as trocas de mensagens nas redes sociais, os mercados financeiros têm se comportado bem e na medida do possível, distanciado das fortes realizações dos mercados desenvolvidos. Seja por motivos bastante abordados como o aperto monetário que se iniciou bem anteriormente dos demais países, seja porque os nossos ativos já se encontravam bem mais desvalorizados com as quedas do segundo semestre do ano passado. Por aqui, o CDI encontra-se em patamar muito alto, com retorno próximo de 1,1% ao mês, fazendo a alegria dos rentistas, enquanto os ativos de risco também tiveram, em geral, um bom rendimento mês contra mês, mas não sem volatilidade.
Como não poderíamos deixar de abordar, o resultado do primeiro turno das eleições trouxe um otimismo para os mercados, seja pela percepção de que, para manter a liderança no segundo turno, Lula teria que fazer uma migração mais ao centro e ter mais responsabilidade fiscal, seja porque o resultado mais apertado aumentou a chance percebida de reeleição do Presidente Bolsonaro em 30 de outubro. O primeiro turno trouxe uma visão que teremos um Senado e Câmara de Deputados mais conservadores, o que melhora a percepção de que propostas radicais de mudanças de reformas já conquistadas não seriam bem-vindas ou mesmo aprovadas. O maior perdedor no primeiro turno das eleições foi, na verdade, os institutos de pesquisas que tiveram erros significativos de diagnósticos, mais evidente nas pesquisas para governador do Estado e senador. Para recuperar a credibilidade, com certeza, precisariam rever suas metodologias.
Seja qual for o resultado em 30 de outubro, como muito bem disse o presidente do BNDES, Gustavo Montesano, no evento Macro Day de 2022 sobre o real papel dos bancos públicos e mudanças importantes de atuação que trouxeram resultados positivos visíveis do “desemparelhamento” das instituições públicas: “o importante é que vamos errar diferente e principalmente vamos aprender com os nossos erros, pois somente assim, podemos evoluir”.
Já está no ar a palestra na íntegra que a Mari Emmanouilides, CEO da Taler, concedeu durante o #WomenInvestSummit, o maior congresso orientado às mulheres investidoras do Brasil, realizado em setembro.
Em sua participação, a Mari destacou “A importância da mulher e de seu posicionamento frente às decisões patrimoniais da família”. Uma aula – com exemplos pessoais e explicações – pautada pela educação financeira para ser levada ao longo da vida.